Yèyé olomi tútú. Opàrà òjò bíri kalee.

Yèyé olomi tútú. Opàrà òjò bíri kalee.

Graciosa mãe, senhora das águas frescas.
Opàrà, que ao dançar rodopia como o vento, sem que possamos vê-la.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Exú Elegbara: O Senhor do Mercado de Oió

De Príapo, o deus fálico greco-romano ao "diabo" do sincretismo judaico-cristão


Os africanos ao chegar ao Brasil com o contato com os colonizadores sofreram fortes pressões etnocêntricas européias e o culto do orixá Exú dos Iorubás recebe um duplo sentido.
Os altares e representações materiais influenciados pela cultura greco-romana do deus fálico Príapo é mais ainda acrescida com a criação do deus do mal pelos católicos baseado em cultura judáica-cristã.
Com isso, Exú (Orixá-vodum) e o Diabo tornaram praticamente as mesmas pessoas os colonizadores.
Para Verger, 1999, Exu tem um caráter violento, irascível, astucioso, grosseiro e vaidoso. Sendo assim os missionários o assimilaram ao diabo e fizeram de Exu tudo que é representado a maldade, a perversidade, a objeção e ao ódio em oposição a bondade e pureza de Deus. (p.119).
Orixá Exu - Característico sentado com os braços sobre os joelhos
Bastide, 1978, já afirmava que depois de todo esse processo de comparações atribuídas desde a colonização, Exú jamais se livraria dessa dupla representação  sendo condenado a ser o orixá mais incompreendido e caluniado de todo o panteão afro-brasileiro. Exú a divindade caluniada. (Bastide, 1978, 175).
"a um quarto de légua do forte os daomeanos há um deus Príapo, feito grosseiramente de terra, com seu principal atributo [o falo], que é enorme e exagerado em relação à proporção do resto do corpo" (1789: 201, apud Verger, 1999: 133).

Príapo, o deus fálico greco-romano, guardião dos jardins e pomares, que no sul da Itália imperial veio a ser identificado com o deus Lar dos romanos, guardião das casas e também das praças, ruas e encruzilhadas, protetor da família e patrono da sexualidade.

Com o catolicismo, Exú herda os atributos pecaminosos do sexo, da luxúria, da danação e da fornicação.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Candomblé: Uma Religião de Matriz Africana em Território Brasileiro

Candomblé: Uma Religião de Matriz Africana em Território Brasileiro
Prof. Ms. Kary Falcão

Este artigo, é parte da minha dissertação de mestrado que foi apresentada ao Programa de Pós-graduação stricto-senso em Ciência da Linguagem da Universidade Federal de Rondônia - UNIR.


A história da África sempre foi considerada através dos livros didáticos e demais literaturas como uma incógnita. Mediante a uma visão estereotipada, racista e primitiva, a elite européia considerava o continente africano sem cultura. Isso revela que toda a historia foi arquitetada por uma matriz européia branca fazendo com o que o legado africano, principalmente a região subsaariana, ficasse inexistente e inferiorizado.

Ao sair da África, os homens levam consigo as suas sementes. Por esse motivo se percebe muitas semelhanças entre uma religião e outra. Um exemplo disso está no ritual do sacrifício, existente em praticamente todas as demais religiões.

No cristianismo o sacrifício em torno do ofertório e da comunhão (comer do corpo e beber do sangue), pode se assemelhar com os rituais das religiões africanas onde a base com a relação com todas as entidades é o alimento. Oferece-se alimentos para as entidades comerem.  O sacrifício nos rituais animistas é uma oferenda de algo vivo no lugar de si mesmo. Isso não só acontece nos rituais de religiosidade africana mais serviu como base para a construção do cristianismo com associação a morte com sangue.
O cristianismo surge com uma exigência à adoração a um deus em favor de uma grande negociata onde o indivíduo adora para continuar e permanecer vivo. E isso foi um fator determinante para a proliferação do cristianismo.
A negociata e a tortura...
Os deuses são divindades que matam ou poupam, tornando o castigo pela doença totalmente aceita pelo ocidente
 
E isso pode ser visto em várias fases da historia, desde a Idade Média quando o papa aponta a peste negra e a lepra como de responsabilidade de judeus e de novas formas de religião místicas e de pensar, e até quando associa a contaminação com o HIV com o pecado da homossexualidade, denominando um “câncer gay”.

Os cultos africanos são taxados pelo cristianismo como cultos demoníacos. Mais o que se revela é que a religiosidade africana é à base de qualquer conceito religioso.
O arquétipo de todas as religiões tem base no continente africano.
A religião africana surge com a idéia de que todo individuo deve manter contato com os deuses e forças da natureza. As religiões africanas são de características animistas, podendo reverenciar as forças da natureza como: rios, ventos, ar, terra, agricultura e a água.
Oxossi... O guardião das matas e das florestas










Iansã... A rainha dos raios...

Oxum... A deusa das águas doces

O encontro do islamismo com o animismo africano resultou uma solução religiosa assimilada por parte da população transformando-se em uma forma alternativa de dominação. Os islâmicos iniciam o trafico dos negros como escravos com a regra de que quem é escravo é aquele que não se submete ao Islã. Isso se opõe ao cristianismo, onde o cativeiro é a primeira condição para se encontrar com Jesus.
Na realidade o cristianismo inicia uma historia marcada por escravizar pessoas.
Apesar da força considerável dos hábitos e das falsas evidencias do senso comum, temos de nos decidir de maneira definitiva a deixar de concentrar estes longos séculos, que a África não possui somente um infinito de riquezas e belezas naturais, o que a África revela é um lendário histórico de uma mitologia onde são valorizadas as formas de manifestações da natureza e a origem da religiosidade humana.
Com a reorganização internacional no sistema Pós-guerra Fria, o continente africano passa a vivenciar uma nova etapa nas relações internacionais e de processo de desenvolvimento no que se refere às tendências de reafirmação e construção de sua autonomia.

Esse artigo terá continuidade em próximas postagem com os sub-temas:

Construção da Religiosidade Africana no Brasil
Expressoes da Religião Afro-brasileira
Prof. Ms. Kary Falcão

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Oxum!!! A Rainha do Candomblé!!!



O Artigo Científico que aborda os poderes da Deusa considerada a Rainha do Candomblé pode ser lido na íntegra acessando o link abaixo:



O  artigo apresenta os encantos e os poderes
da mais famosa divindade do panteao afro-brasileiro.


Propoe levantar uma discussao a respeito das intolerancias religiosas apontadas aos povos de religiao de matriz africana no que se refere as reproducoes historicas impostas que contribuiram na desvalorizacao da mitologia africana.


Diante o sincretismo religioso e a imposicao europeia do catolicismo, nao se
pode considerar que a suposicao de imagens ou o nome dos santos aos orixas
africanos com as divindades equivalentes fossem somente consideradas como
determinantes da exploracao cultural ou substituicao de valores. Esse fenomeno pode ser explicado utilizando-se de fatores historicos que contribuiram para a discriminacao, o preconceito e as intolerancias religiosas. (SEGATO, 2005).



Essa relacao pode ate ter sido considerada como uma estrategia no momento da escravidao e de imposicao religiosa. Atualmente ela caracteriza efeito de aversao as manifestacoes religiosas dos povos africanos.





O dominio das senhoras que representam “Maria, mae de Jesus” no cristianismo, marcado pelas aparicoes de “Nossa Senhora” nas mais diferentes localidades do mundo, contribui mais ainda para que o mito africano das yabas fosse desconsiderado.

E necessario acabar com os movimentos mitologicos que atribuem aos santos ou orixas uma relacao direcionada aos santos da igreja catolica em razao desse sincretismo satisfazer a uma necessidade contemporanea independente das razoes de sua origem.

A mitologia africana sofreu na realidade foi uma influencia empobrecedora
de suas origens com o sincretismo religioso. As yabás, e em especial a Oxum,
possui caracteristicas e personalidades incoerentes com as retratas pelos catolicos a Nossa Senhora. Oxum e sedutora e cheia de encantos.




Segundo Verger (1981), “sem Oxum nao ha filhos” (LIMA apud VERGER, 2007).
As mulheres sao controladas em sua fecundidade de acordo com o desejo de Oxum.

De acordo com as lendas, os Orixas se reuniam na terra para deliberarem suas ações e as mulheres nao podiam participar das reuniões.

Portanto, Oxum tornou todas as outras mulheres estereis e impediu que as atividades planejadas pelos orixas chegassem a um resultado satisfatorio. Quando os orixas foram se queixar com Olodumare, ele questionou sobre a nao participacao de Oxum nas reunioes.

Segundo Olodumare, todas as atividades nao poderiam dar certo sem a presenca da
fertilidade de Oxum.
Quando os orixas convidaram Oxum para participar dos seus
empreendimentos, todas as atividades foram realizadas com sucesso e as mulheres
voltaram a ser ferteis.
Embora seja conhecida como a mae das maes, Oxum no seu primeiro
casamento com Orumila, o orixa da sabedoria e da advinhacao, nao teve filhos.
Como presente de nupcias, ganhou dezesseis buzios que sao usados pelos
sacerdotes de Oxum.

Ambos concordaram entao, que Oxum deveria voltar ao seu antigo marido
para pedir que ele consultasse Ifa para saber o que estava acontecendo.
Orumila fez com que Oxum fosse transportada ao ceu onde escutou a voz
de Olodumare.


Quando Oxum retornou, chorou muito e contou para Orumila. Este o
parabenizou dizendo que ela estava gravida.
Quando Oxum engravidou, todas as outras mulheres que eram estereis
tambem engravidaram sendo que nasceram muitas criancas. Ela usava de seus
poderes para baixar a febre das criancas e todas as outras mulheres faziam
oferendas em seu favor.

Para Lakesin (1991), Oxum ganha o titulo de Irunmale Olomowewe, a divindade protetora das criancas, pois na terra ioruba ela curava a febre de todas as criancas sem nenhuma dificuldade. (LIMA apud LAKESIN, 2007, p. 107). Oxum é adorada como a mae da agua doce. Conquistou poder e sabedoria por meio de seu comportamento sedutor, meigo e cheio de dengo. Essas tambem são as caracteristicas dos filhos da Oxum.

Há um rio que tem o seu nome e deságua na Lagoa de Oloba próximo ao
Golfo de Guine, depois do territorio de Ijexa.
Os africanos iorubas fizeram de suas
lindas mulheres os mais belos rios da Africa: Oyá na Nigeria e o Rio Oxum, em
Oxogbo, a morada mais bela de Iyaba.



Dessa forma, o toque dos atabaques para a danca no candomble é denominado Ijexa, pela beleza da mulher faceira que exibe os seus colares e as pulseiras, dancando diante de um espelho, vaidosa, linda e sedutora.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Kó si ewé, kó sí Òrìsà...

Kó si ewé, kó sí Òrìsà
Sem folhas não há Orixá!!!

Para Ossaim... A liturgia através das folhas...



As folhas são tão necessárias no Candomblé que se chega a dizer: Sem folhas não há Orixá...
Cada Orixá possui uma folha própria, porém Ossaim, além de conhecer os segredos de todas as folhas, ele sabe as palavras que despertam a sua força!!!


Ossaim... O sacerdote das folhas!!!
Entretanto... Mais uma vez quero esclarecer alguns equívocos que insistem em fazer parte da visão folclorizada e esteriotipada que a construção histórica das religiões de matrizes africanas permitiram para esse tão belo Orixá...
Para o Candomblé, a importância das folhas é extrema!!!
Não se faz nenhum ritual sem o uso das folhas... As folhas detém o axé!!
Muito se sabe sobre o uso do sangue... (ajé) Porém, as folhas despertam o sangue verde produzido pela natureza!!!
Ossaim como protetor das florestas, esconde-se  nos mais profundos lugares da mata... Justamente onde as folhas nascem e crescem produzindo o mais puro axé!!!

E os equívocos???
Infelizmente...
A construção imposta pelo advento do cristianismo  
tentou personificar Ossaim com um personagem do Folclore Brasileiro...

Mais vamos então esclarecer esse equívoco??? Se é que podemos chamar assim...

Para Reginaldo Prandi em Mitologia dos Orixás, da Companhia das Letras, 2001,
“Ossaim era o nome de um escravo que foi vendido a Orunmilá. Um dia ele foi à floresta e lá conheceu Aroni, que sabia tudo sobre as plantas. Aroni, o gnomo de uma perna só, ficou amigo de Ossaim e ensinou-lhe todo o segredo das ervas.


Um dia, Orunmilá, desejoso de fazer uma grande plantação, ordenou a Ossaim que roçasse o mato de suas terras. Diante de uma planta que curava dores, Ossaim exclamava: "Esta não pode ser cortada, é a planta que cura as dores".
Diante de uma planta que curava hemorragias, dizia:
"Esta estanca o sangue, não deve ser cortada".
Em frente a uma planta que curava a febre, dizia:
"Esta também não, porque refresca o corpo".

E assim por diante.
Orunmilá muito procurado por doentes, interessou-se então pelo poder curativo das plantas e ordenou que Ossaim ficasse junto dele nos momentos de consulta, que o ajudasse a curar os enfermos com o uso das ervas miraculosas.
E assim Ossaim ajudava Orunmilá a receitar e acabou sendo conhecido como o grande médico que é".

Ossãe... O segredo das folhas lhe pertence... 
O filho caçula de Iemanjá e Oxalá e, desde pequeno, vivia no mato.
Tinha uma habilidade especial para tratar qualquer doença, por isso viajava pelo mundo inteiro, sendo sempre recebido com carinho pelo rei de cada tribo. Ele recebeu de Olodumaré o segredo das folhas; assim, sabia qual delas curava doenças, trazia vigor ou deixava as pessoas mais calmas. Os outros orixás invejavam o irmão, pois não tinham esse poder e dependiam de ossain para ter sucesso. Ele cobrava por qualquer trabalho, aceitando mel, fumo e cachaça como pagamento pelas curas que realizava. Xangô, que era temperamental, não admitia depender dos serviços de Ossain, e por isso pediu a sua esposa Yansã, orixá que domina os ventos, para que as folhas voassem em direção a todos os orixás, para que cada qual exercesse domínio sobre uma delas. Em meio à ventania, Ossain repetia sem parar: “eu, eu assa!”, que significa “oh, folhas!”. E com esse tipo de reza, embora cada orixá tenha se apossado de uma folha, Ossain evitou que seu poder fosse distribuído entre os irmãos, pois só ele conhecia o axé de cada uma delas e o segredo de pronunciar essas palavras de maneira a conservar o poder sobre elas. Com sua sabedoria, ate hoje Ossain permanece o rei da floresta, sendo considerado o orixá da medicina.

Então... Meus irmãos e amigos!!

Ossaim é um Orixá de importante fundamento no Candomblé... Confundí-lo ou compará-lo com o "Sací Pererê" além de ser uma prática errônea, significa está reproduzindo a tentativa de menosprezar e diminuir os nossos Deuses...
É claro que o Folclórico Brasileiro tem uma grande influencia na construção cultural da nossa Nação...
Porém as Religiões Africanas contribuiram muito mais com a cultura Brasileira e considero que a pratica do sincretismo católico durante toda história tentou "embranquecer" nossos Deuses e mudar as nossas práticas...

Somos Homens de Axé... Sem folhas não há Orixá!!!

sábado, 13 de agosto de 2011

Terreiros e Casas de Cultos Africanos


CASAS E TERREIROS: TERRITÓRIO DE IDENTIDADE, RESISTÊNCIA E DE CONSTRUÇÃO DE LINGUAGEM


De imediato o que se percebe dentro de uma Casa de Candomblé é a relação de hierarquia e poder que persiste através dos tempos. Os pais e mães-de-santo representam à pessoa mais importante dentro do terreiro e são respeitadas todas as suas determinações independentes de qualquer papel social que seus filhos e filhas exerçam fora dos terreiros.
Dessa forma, a construção social das casas e terreiros obedece a uma tradição oral onde sempre ocorreu na família-de-santo com a organização dos cultos através da devoção aos deuses africanos no Brasil. Em geral, os rituais e toda a liturgia que acontece nos cultos africanos no Brasil hoje, são os mesmos que ocorrem na África desde os tempos antigos é claro que sofrendo muitas modificações.

Em parte, a família-de-santo representou para o negro escravizado o resgate aos valores de família que fora destruído com a diáspora negra e com a política de mercado de escravos no Brasil. Cada membro da família era separado dos demais para serem comercializados na tentativa de facilitar o processo de aceitação da condição de escravo.

Foi na formação dos terreiros e casas de culto que o negro pode pela primeira vez no Brasil traçar novos rumos da sua identidade. Inicialmente essas casas, segundo Gonçalves da Silva, 1994, foram formadas pela mesma etnia:

Pelo que se sabe, através da historia oral narrada pelos adeptos, parece terem sidos os africanos de uma mesma etnia os fundadores dos primeiros terreiros, onde iniciaram outros negros africanos, provenientes da sua etnia ou de outras. Com o passar do tempo, e com o ingresso na religião de crioulos, mulatos e finalmente de brancos, a família-de-santo foi assim perdendo a sua característica étnica e passou a ligar, por vínculos religiosos, os vários terreiros fundados pelas gerações seguintes as gerações dos africanos (GONÇALVES DA SILVA, 1994, p. 57).

Por essa razão, Parés, 2007, encara o problema do processo de institucionalização das organizações dos terreiros e casas de cultos africanos no Brasil através de duas etapas. A primeira etapa consiste no progressivo nível de complexidade social, onde as casas eram mantidas pela relação de etnia, mesmo sendo esta mais tarde aberta para os novos adeptos como mulatos e até mesmo homens brancos.


Outra relação era as baseadas nos rituais, que inicialmente os fragmentos da cultura religiosa africana ficaram na atuação principal a fins de cura e adivinhação. (p. 118).
Parés, 2007, lembra das argumentações de Bastide quanto à imutabilidade dos modelos de cultos primordiais que sobreviveram durante todo o tempo. Sabe-se que com a chegada de novos escravos oriundos de outras regiões da África partes dos fragmentos dos cultos se extinguiam sendo substituídos por outros à medida que essas congregações eram formadas. (p. 119).


É claro que os argumentos de Bastide em relação à sobrevivência de alguns rituais é completamente aceitável, porém o que não se pode descartar é a identidade africana da religião, distinguida pelos negros a partir dos modelos e rituais de cada nação. Os terreiros e casas resistem até os dias de hoje principalmente pelo aspecto da ancestralidade.

A ancestralidade induz os elementos que compõem a visão de mundo africano. Os rituais litúrgicos que acontecem nos terreiros de candomblé hoje são, em parte, os mesmo que aconteciam na África e que vieram para o Brasil junto com a diáspora negra. Os mesmos modelos de culto, de poder e interação, a concepção de morte e força vital, as danças, musicas e a linguagem, as divindades, deuses e orixás, as relações de gênero, a linhagem familiar e clássica e todos os elementos herdados e simbólicos de matriz africana.
Durante todo o processo de pesquisa, o que se percebe nos rituais e cultos é a utilização das línguas africanas em todos os rituais litúrgicos do candomblé. As musicas e rezas são ensinadas aos filhos e filhas de modo oral. Quando questionado a respeito de como se aprende as rezas nas línguas africanas, os filhos e filhas de santo respondem que aprenderam com os mais velhos e que dessa forma vão ensinar para os seus filhos.


A transmissão de geração a geração garantiu a manutenção da nação do candomblé com legitimidade e poder. A ligação com a África, representada através dos terreiros e casas tradicionais, foi fator determinante no exercício de influências para as casas mais recentes.
Assim como na relação familiar dos terreiros e casas brasileiras com a chamada “família de santo”, na África essa relação também ocorre seguindo essa tradição familiar. Por esse motivo o termo nação fica sendo utilizado para identificar a origem teológica de determinados grupo, como já foi abordado no capitulo anterior.


Outro aspecto ancestral é o que se denomina “as famílias-de-santo”. Na África, uma cidade inteira cultua um determinado orixá e todas as pessoas dessa cidade realizam oferendas e presentes. Nas casas e terreiros onde se desenvolveu parte dessa pesquisa, observa-se que todos cultuam os seus orixás, “dono do ori e seus ajuntos”, mais também toda a casa cultua o orixá do babalorixá ou da yalorixá. De certo modo, todos os filhos e filhas de santo do Ile Axé Odé Fumilayo são filhos de Oxóssi.


Esses cultos aos diferentes orixás em um mesmo terreiro e casa de candomblé foi iniciada no Candomblé da Barroquinha e para Pares, 2005, representa uma complexa rede de alianças entre os grupos étnicos que contribuíram em grande escala para a consolidação de novas identidades africanas nas terras brasileiras.



O processo de resistência não deve somente ficar associado aos constantes ataques e confrontos policiais cobertos pelo Alabama, no século XIX, nos relatos orais de nossos antepassados ou nas perseguições e intolerâncias religiosas. Com a resistência, os cultos africanos no Brasil puderam construir uma religiosidade afro-brasileira com a possibilidade de resgatar a sua identidade e a dignidade roubada pelo domínio do cristianismo.
Com isso, o culto africano estabelece uma historicidade de conquistas que fica marcado na construção de uma nova identidade, de articulação entre o sagrado e o profano, bases de resistência a barreiras políticas e sociais.
De acordo com Ferreti, 1995, no Brasil o ingresso em um terreiro de candomblé ocorre de modo individual, não acontecendo como ocorre na África através das tradições familiares. A adesão à cultura religiosa africana assume o conceito de nação para identificar a adesão de certo grupo religioso (p. 100).
Com características e costumes ligados de modo ancestral com a África, o candomblé brasileiro não deixa de dialogar com a sociedade local, pois diretamente fica ligada a ela. É dessa forma que se construiu uma identidade que mais tarde podemos denominar de “religiosidade afro-amazônica”. Fruto do resultado da do entrosamento do homem negro com as populações amazônicas.
A resistência e a identidade estão associadas às estratégias de prevenção à proibição do catolicismo pelos escravocratas para o culto às divindades africanas e ao candomblé. É completamente inaceitável encontrar qualquer semelhança entre deusas africanas com deusas européias. Nesse sentido, não podemos atribuir qualquer intenção ou comparação entre Iansã e Santa Bárbara; Oxum com Nossa Senhora da Conceição; Yemanja com Nossa Senhora dos Navegantes, Ogum com São Jorge, e muito menos Exu com o diabo.
É claro que essas estratégias foram utilizadas em um momento propicio e especifico, porem não se pode relacionar culto africano – com aspectos milenares -, com praticas cristãs do século passado.
Percebe-se que a resistência e a identidade no que se refere às praticas litúrgicas das religiões africanas serviram como base para a liturgia das demais religiões do mundo. Podemos citar exemplos de praticas em rituais e cultos africanos que são repetidos em outras religiões como: derramamento de sangue (em todas as religiões); sacrifício (no cristianismo um morre por todos, enquanto nas praticas africanas oferece-se o animal vivo aos orixás, e no judaísmo oferece em holocausto); oferecer alimentos (os orixás são presenteados com comidas secas e sangue de animais, no cristianismo, come-se o pão e bebe-se o vinho); a relação de família (nas religiões cristas a figura do papa e dos pastores, e no candomblé os babalorixás e as yalorixas); as musicas e danças, e muitas outras manifestações.
Há também uma relação estabelecida entre o bem e o mal que não existe nas demais religiões ocidentais. O cristianismo apresenta uma relação de Deus com o bem e cria uma imagem de um deus que se assemelha ao mal.
Esse contexto cristão criou a imagem de um adversário que é denominado pela imagem do Diabo, Satanás, Lúcifer, Capeta, Cão e uma série de denominações que são somente associados ao lado oposto ao que se colocam para Deus como: inimigo, adversário, o coisa ruim.
 Para Maurício, 2009, com a catéquização do Brasil pelos missionários, foi percebido um grande poder em que Exu exercia entre os adeptos do candomblé. Entretanto, esses missionários iniciaram a tarefa de execrá-lo e transformá-lo em um ser abominável, maligno e completamente perigoso, representado com chifres, rabo e com um tridente na mão. (p. 221)
Com essa relação, ficou muito bem estabelecido para as religiões cristãs que o bem fica ligado ao seu deus e o mal ligado ao diabo.
            Para Monteagudo apud Reginaldo Prandi, 2009, “não há idéia de bem e mal como coisa inconciliável. Quem faz essa oposição é o mundo cristão. Para o afro, o bem e mal são faces da mesma moeda e estão presentes em todas as coisas” (p. 01), e essa representação se faz presente não só no Candomblé como nas demais manifestações religiosas de matriz africana.


Durante as sessões com a presença das Pombas-giras, percebe-se nas músicas e pontos, bem como no próprio comportamento dessas entidades, é encontrado uma proximidade tão contraditória pelos cristãos - o bem e o mal -, assim como aquilo que é considerado como pecado ou negativo como: mulher que tem sete maridos, fazer o mal, dançar sobre sepultura, dar gargalhada a meia-noite e outros.

É dentro desse contexto que os terreiros e casas afro-religiosas traçam o seu território de identidade cultural. Não uma identidade apontada historicamente como uma cultura de submundo. Mais uma cultura decisiva para a formação cultural de todo o mundo.
Vale salientar, que o ponto de partida da humanidade é a África. Portanto, os costumes e as tradições nasceram também na África, bem como as manifestações religiosas e a forma em que o homem estabelece a sua relação como o seu Deus.
A importância da resistência e sobrevivência da religiosidade africana representa para a contemporaneidade a possibilidade de voltar às origens e a valorização da historia da humanidade partindo do pressuposto da sua verdadeira origem.

Conhecendo Odé Tossilodé - Meu Pai...

Odé Tossilodé


Pai Marconi do Oxossi...Uma referencia para as comunidades de terreiro em Rondônia.
Nascido em 12 de Maio de 1970 na cidade de Campina Grande - Paraíba...
Veio para Rondônia onde desenvolveu a sua religiosidade africana...
É um apaixonado pela cultura afro e amante do candomblé...

Pai Marconi do Oxossi e Ekedy Fátima: Participando do Seminário Afro-religioso de Rondônia


Pai Marconi do Oxossi do Ilê Axé Odé Fumilayó, está situado na Av. Campos Sales, 6165, 
Bairro Cidade Nova em Porto Velho - Rondônia

Possui muitos filhos e filhas!!!

Entre o corpo de autoridades do Ilê Axé Odé Fumilayó estão:

Ededys do Ilê... Obrigação de Calmon de Oxaguiãn

 Ekedys do Ilê:

Ekedy Fátima do Oxossi
Ekedy Antonia do Oxossi
Ekedy Dinha de Omolú
Ekedy Susy de Ogum
Ekeky Josy da Oxum
Ekedy Angela de Omolú
Ekedy Wanessa de Omolú

Ogãns do Ilê na Feitura do Yawô de Ossain
Ogãns do Ilê:

Ogãn Ademir do Oxossi
Ogãn Marcelo de Xangô
Alabê Diego de Odé
Ogãn Del de Xando
Ogãn Kary da Oxum



Os filhos e filhas de Santo do Ilê...

Yawôs do Ilê... Uma turma fantástica de filhos-de-santo!!! Parabéns!!! Ao lado está o Pai Silvano de Xangô

Agora...
As deusas do Ilê Axé Odé Fumilayó:
As Rainhas do Candomblé!!!
Ora yeyê... Ora yeyê...

Adriano, Adriana, Maricel e Kissila da Oxum... As Deusas do Candomblé!!! As Oxuns mais bonitas do Axé!!

Pai Marconi do Oxossi com o Pai Hilton de Ogun: As minhas referências!!!

Mãe Helena de Omolú...


Essa é uma parte da Família Odé Axé Fumilayó
Pai Marconi do Oxossi...