Yèyé olomi tútú. Opàrà òjò bíri kalee.

Yèyé olomi tútú. Opàrà òjò bíri kalee.

Graciosa mãe, senhora das águas frescas.
Opàrà, que ao dançar rodopia como o vento, sem que possamos vê-la.

sábado, 13 de agosto de 2011

Terreiros e Casas de Cultos Africanos


CASAS E TERREIROS: TERRITÓRIO DE IDENTIDADE, RESISTÊNCIA E DE CONSTRUÇÃO DE LINGUAGEM


De imediato o que se percebe dentro de uma Casa de Candomblé é a relação de hierarquia e poder que persiste através dos tempos. Os pais e mães-de-santo representam à pessoa mais importante dentro do terreiro e são respeitadas todas as suas determinações independentes de qualquer papel social que seus filhos e filhas exerçam fora dos terreiros.
Dessa forma, a construção social das casas e terreiros obedece a uma tradição oral onde sempre ocorreu na família-de-santo com a organização dos cultos através da devoção aos deuses africanos no Brasil. Em geral, os rituais e toda a liturgia que acontece nos cultos africanos no Brasil hoje, são os mesmos que ocorrem na África desde os tempos antigos é claro que sofrendo muitas modificações.

Em parte, a família-de-santo representou para o negro escravizado o resgate aos valores de família que fora destruído com a diáspora negra e com a política de mercado de escravos no Brasil. Cada membro da família era separado dos demais para serem comercializados na tentativa de facilitar o processo de aceitação da condição de escravo.

Foi na formação dos terreiros e casas de culto que o negro pode pela primeira vez no Brasil traçar novos rumos da sua identidade. Inicialmente essas casas, segundo Gonçalves da Silva, 1994, foram formadas pela mesma etnia:

Pelo que se sabe, através da historia oral narrada pelos adeptos, parece terem sidos os africanos de uma mesma etnia os fundadores dos primeiros terreiros, onde iniciaram outros negros africanos, provenientes da sua etnia ou de outras. Com o passar do tempo, e com o ingresso na religião de crioulos, mulatos e finalmente de brancos, a família-de-santo foi assim perdendo a sua característica étnica e passou a ligar, por vínculos religiosos, os vários terreiros fundados pelas gerações seguintes as gerações dos africanos (GONÇALVES DA SILVA, 1994, p. 57).

Por essa razão, Parés, 2007, encara o problema do processo de institucionalização das organizações dos terreiros e casas de cultos africanos no Brasil através de duas etapas. A primeira etapa consiste no progressivo nível de complexidade social, onde as casas eram mantidas pela relação de etnia, mesmo sendo esta mais tarde aberta para os novos adeptos como mulatos e até mesmo homens brancos.


Outra relação era as baseadas nos rituais, que inicialmente os fragmentos da cultura religiosa africana ficaram na atuação principal a fins de cura e adivinhação. (p. 118).
Parés, 2007, lembra das argumentações de Bastide quanto à imutabilidade dos modelos de cultos primordiais que sobreviveram durante todo o tempo. Sabe-se que com a chegada de novos escravos oriundos de outras regiões da África partes dos fragmentos dos cultos se extinguiam sendo substituídos por outros à medida que essas congregações eram formadas. (p. 119).


É claro que os argumentos de Bastide em relação à sobrevivência de alguns rituais é completamente aceitável, porém o que não se pode descartar é a identidade africana da religião, distinguida pelos negros a partir dos modelos e rituais de cada nação. Os terreiros e casas resistem até os dias de hoje principalmente pelo aspecto da ancestralidade.

A ancestralidade induz os elementos que compõem a visão de mundo africano. Os rituais litúrgicos que acontecem nos terreiros de candomblé hoje são, em parte, os mesmo que aconteciam na África e que vieram para o Brasil junto com a diáspora negra. Os mesmos modelos de culto, de poder e interação, a concepção de morte e força vital, as danças, musicas e a linguagem, as divindades, deuses e orixás, as relações de gênero, a linhagem familiar e clássica e todos os elementos herdados e simbólicos de matriz africana.
Durante todo o processo de pesquisa, o que se percebe nos rituais e cultos é a utilização das línguas africanas em todos os rituais litúrgicos do candomblé. As musicas e rezas são ensinadas aos filhos e filhas de modo oral. Quando questionado a respeito de como se aprende as rezas nas línguas africanas, os filhos e filhas de santo respondem que aprenderam com os mais velhos e que dessa forma vão ensinar para os seus filhos.


A transmissão de geração a geração garantiu a manutenção da nação do candomblé com legitimidade e poder. A ligação com a África, representada através dos terreiros e casas tradicionais, foi fator determinante no exercício de influências para as casas mais recentes.
Assim como na relação familiar dos terreiros e casas brasileiras com a chamada “família de santo”, na África essa relação também ocorre seguindo essa tradição familiar. Por esse motivo o termo nação fica sendo utilizado para identificar a origem teológica de determinados grupo, como já foi abordado no capitulo anterior.


Outro aspecto ancestral é o que se denomina “as famílias-de-santo”. Na África, uma cidade inteira cultua um determinado orixá e todas as pessoas dessa cidade realizam oferendas e presentes. Nas casas e terreiros onde se desenvolveu parte dessa pesquisa, observa-se que todos cultuam os seus orixás, “dono do ori e seus ajuntos”, mais também toda a casa cultua o orixá do babalorixá ou da yalorixá. De certo modo, todos os filhos e filhas de santo do Ile Axé Odé Fumilayo são filhos de Oxóssi.


Esses cultos aos diferentes orixás em um mesmo terreiro e casa de candomblé foi iniciada no Candomblé da Barroquinha e para Pares, 2005, representa uma complexa rede de alianças entre os grupos étnicos que contribuíram em grande escala para a consolidação de novas identidades africanas nas terras brasileiras.



O processo de resistência não deve somente ficar associado aos constantes ataques e confrontos policiais cobertos pelo Alabama, no século XIX, nos relatos orais de nossos antepassados ou nas perseguições e intolerâncias religiosas. Com a resistência, os cultos africanos no Brasil puderam construir uma religiosidade afro-brasileira com a possibilidade de resgatar a sua identidade e a dignidade roubada pelo domínio do cristianismo.
Com isso, o culto africano estabelece uma historicidade de conquistas que fica marcado na construção de uma nova identidade, de articulação entre o sagrado e o profano, bases de resistência a barreiras políticas e sociais.
De acordo com Ferreti, 1995, no Brasil o ingresso em um terreiro de candomblé ocorre de modo individual, não acontecendo como ocorre na África através das tradições familiares. A adesão à cultura religiosa africana assume o conceito de nação para identificar a adesão de certo grupo religioso (p. 100).
Com características e costumes ligados de modo ancestral com a África, o candomblé brasileiro não deixa de dialogar com a sociedade local, pois diretamente fica ligada a ela. É dessa forma que se construiu uma identidade que mais tarde podemos denominar de “religiosidade afro-amazônica”. Fruto do resultado da do entrosamento do homem negro com as populações amazônicas.
A resistência e a identidade estão associadas às estratégias de prevenção à proibição do catolicismo pelos escravocratas para o culto às divindades africanas e ao candomblé. É completamente inaceitável encontrar qualquer semelhança entre deusas africanas com deusas européias. Nesse sentido, não podemos atribuir qualquer intenção ou comparação entre Iansã e Santa Bárbara; Oxum com Nossa Senhora da Conceição; Yemanja com Nossa Senhora dos Navegantes, Ogum com São Jorge, e muito menos Exu com o diabo.
É claro que essas estratégias foram utilizadas em um momento propicio e especifico, porem não se pode relacionar culto africano – com aspectos milenares -, com praticas cristãs do século passado.
Percebe-se que a resistência e a identidade no que se refere às praticas litúrgicas das religiões africanas serviram como base para a liturgia das demais religiões do mundo. Podemos citar exemplos de praticas em rituais e cultos africanos que são repetidos em outras religiões como: derramamento de sangue (em todas as religiões); sacrifício (no cristianismo um morre por todos, enquanto nas praticas africanas oferece-se o animal vivo aos orixás, e no judaísmo oferece em holocausto); oferecer alimentos (os orixás são presenteados com comidas secas e sangue de animais, no cristianismo, come-se o pão e bebe-se o vinho); a relação de família (nas religiões cristas a figura do papa e dos pastores, e no candomblé os babalorixás e as yalorixas); as musicas e danças, e muitas outras manifestações.
Há também uma relação estabelecida entre o bem e o mal que não existe nas demais religiões ocidentais. O cristianismo apresenta uma relação de Deus com o bem e cria uma imagem de um deus que se assemelha ao mal.
Esse contexto cristão criou a imagem de um adversário que é denominado pela imagem do Diabo, Satanás, Lúcifer, Capeta, Cão e uma série de denominações que são somente associados ao lado oposto ao que se colocam para Deus como: inimigo, adversário, o coisa ruim.
 Para Maurício, 2009, com a catéquização do Brasil pelos missionários, foi percebido um grande poder em que Exu exercia entre os adeptos do candomblé. Entretanto, esses missionários iniciaram a tarefa de execrá-lo e transformá-lo em um ser abominável, maligno e completamente perigoso, representado com chifres, rabo e com um tridente na mão. (p. 221)
Com essa relação, ficou muito bem estabelecido para as religiões cristãs que o bem fica ligado ao seu deus e o mal ligado ao diabo.
            Para Monteagudo apud Reginaldo Prandi, 2009, “não há idéia de bem e mal como coisa inconciliável. Quem faz essa oposição é o mundo cristão. Para o afro, o bem e mal são faces da mesma moeda e estão presentes em todas as coisas” (p. 01), e essa representação se faz presente não só no Candomblé como nas demais manifestações religiosas de matriz africana.


Durante as sessões com a presença das Pombas-giras, percebe-se nas músicas e pontos, bem como no próprio comportamento dessas entidades, é encontrado uma proximidade tão contraditória pelos cristãos - o bem e o mal -, assim como aquilo que é considerado como pecado ou negativo como: mulher que tem sete maridos, fazer o mal, dançar sobre sepultura, dar gargalhada a meia-noite e outros.

É dentro desse contexto que os terreiros e casas afro-religiosas traçam o seu território de identidade cultural. Não uma identidade apontada historicamente como uma cultura de submundo. Mais uma cultura decisiva para a formação cultural de todo o mundo.
Vale salientar, que o ponto de partida da humanidade é a África. Portanto, os costumes e as tradições nasceram também na África, bem como as manifestações religiosas e a forma em que o homem estabelece a sua relação como o seu Deus.
A importância da resistência e sobrevivência da religiosidade africana representa para a contemporaneidade a possibilidade de voltar às origens e a valorização da historia da humanidade partindo do pressuposto da sua verdadeira origem.

Conhecendo Odé Tossilodé - Meu Pai...

Odé Tossilodé


Pai Marconi do Oxossi...Uma referencia para as comunidades de terreiro em Rondônia.
Nascido em 12 de Maio de 1970 na cidade de Campina Grande - Paraíba...
Veio para Rondônia onde desenvolveu a sua religiosidade africana...
É um apaixonado pela cultura afro e amante do candomblé...

Pai Marconi do Oxossi e Ekedy Fátima: Participando do Seminário Afro-religioso de Rondônia


Pai Marconi do Oxossi do Ilê Axé Odé Fumilayó, está situado na Av. Campos Sales, 6165, 
Bairro Cidade Nova em Porto Velho - Rondônia

Possui muitos filhos e filhas!!!

Entre o corpo de autoridades do Ilê Axé Odé Fumilayó estão:

Ededys do Ilê... Obrigação de Calmon de Oxaguiãn

 Ekedys do Ilê:

Ekedy Fátima do Oxossi
Ekedy Antonia do Oxossi
Ekedy Dinha de Omolú
Ekedy Susy de Ogum
Ekeky Josy da Oxum
Ekedy Angela de Omolú
Ekedy Wanessa de Omolú

Ogãns do Ilê na Feitura do Yawô de Ossain
Ogãns do Ilê:

Ogãn Ademir do Oxossi
Ogãn Marcelo de Xangô
Alabê Diego de Odé
Ogãn Del de Xando
Ogãn Kary da Oxum



Os filhos e filhas de Santo do Ilê...

Yawôs do Ilê... Uma turma fantástica de filhos-de-santo!!! Parabéns!!! Ao lado está o Pai Silvano de Xangô

Agora...
As deusas do Ilê Axé Odé Fumilayó:
As Rainhas do Candomblé!!!
Ora yeyê... Ora yeyê...

Adriano, Adriana, Maricel e Kissila da Oxum... As Deusas do Candomblé!!! As Oxuns mais bonitas do Axé!!

Pai Marconi do Oxossi com o Pai Hilton de Ogun: As minhas referências!!!

Mãe Helena de Omolú...


Essa é uma parte da Família Odé Axé Fumilayó
Pai Marconi do Oxossi...

Ciência da Linguagem: Uma pesquisa Etno-lingüística Africanista




  O Programa de Mestrado da Universidade Federal de Rondônia - UNIR através do Campus de Guajará-Mirim - RO desenvolve formação em Stricto-senso para pesquisadores em Lingüística nas linhas de pesquisa indigenista, africanista e povos amazônicos.

No período de 2008 a 2010 desenvolvi uma pesquisa africanista de formação de linguagem de povos excluídos.

O título da pesquisa foi: 
AS CONTRIBUIÇÕES LINGÜÍSTICAS DOS POVOS DE RELIGIÃO DE MATRIZES AFRICANAS NA FORMAÇÃO DA LINGUAGEM DE HOMOSSEXUAIS EM 
PORTO VELHO - RONDÔNIA

A pesquisa aconteceu na cidade de Porto Velho e teve como campo os terreiros e casas de culto africano e os  locais de grande fluxo de homossexuais e travestis. A dissertação teve como orientador o Professor Dr. Marco Antonio Domingues Teixeira e o Prof. Dr. Dante Fonseca.



Kary Falcão apresentação da Dissertação   



O Programa de Mestrado em Lingüística da UNIR conta com Professores Doutores de maior prestigio no Brasil e no Exterior.

Prof. Pós-Drª Geralda de Lima Angenot grande colaboradora da minha pesquisa 






Prof. Pós-Drª Catherine Barbara Kempf - Minha orientadora por excelência!!!

 Professores:

Pós-Dr. Jean-Pierre Angenot
Dr. Henri Ramirez
Pós-Dr. Daniel Mutombo Huta-Mukana

As bases históricas da pesquisa contou com a obra de Trevisan, Devassos no Paraíso

João Silverio Trevisan


No saldo de uma batalha cultural com tantos mortos e feridos, menciono justamente a utilização do nosso “trapo”, enquanto marginalizados, como único elemento de resistência que nos restou, desde a década de 1970, e que continua apontando para o futuro. Com o trapo, criaram-se algumas experiências artísticas fascinantes, a partir e em função da experiência homossexual. TREVISAN, 2007, p.  326


Outra obra importante para a realização do contexto histórico da homossexualidade foi Colin Spencer em Homossexualidade: Uma  história, 2000.


A sociedade deixou claro seu medo do pagão muito cedo, quando fundiu o crime de sodomia com o de heresia e semeou o terror dentro da cristandade. Não admira, assim, que esse medo tenha culminado em leis tão duras. Mas esse medo pode ser estimulado pelas autoridades, como um meio de manipula as massas e assim submetê-las as leis de controle e restrição. Não há dúvida de que, nos países cristãos, as leis contra a sexualidade foram parte de uma ficção corporativa, usada para influenciar e subjugar crenças e povos rebeldes.
SPENCER, 2000, p. 381.



 Em se tratando da formação do candomblé no Brasil, a maior contribuição literária foi de Luis Nicolau Parés, A formação do Candomblé – história e ritual da nação jeje na Bahia.




AS CONTRIBUIÇÕES LINGÜÍSTICAS DOS POVOS DE RELIGIÃO DE MATRIZES AFRICANAS NA FORMAÇÃO DA LINGUAGEM DE HOMOSSEXUAIS EM 
PORTO VELHO - RONDÔNIA

UM PEQUENO RESUMO

As contribuições lingüísticas dos povos de religião de matriz africana na formação da linguagem de homossexuais são apresentadas nessa pesquisa com base no levantamento lexical obtido nos locais de grande fluxo de homossexuais e travestis e nos terreiros e casas de religião africana. A pesquisa consiste em revelar os motivos que levaram um grupo historicamente discriminado a buscar as bases para a construção de sua linguagem em outro grupo também discriminado. Para tanto, existem contribuições sociais que levaram grupos de homossexuais a freqüentarem os terreiros e casas de religião africana tais como: o exercício da sexualidade para os povos de religião de matriz africana, as relações de gênero e de família estabelecido por esses povos e as suas concepções a respeito da homossexualidade.


Faz-se necessário construir toda uma contextualização histórica da homossexualidade apresentando as abordagens de resistência e de identidade desde a antiguidade até os dias atuais. Durante todo esse processo, a pesquisa apresenta os conflitos que contribuíram para a formação histórica das concepções que a sociedade estabelece a respeito da homossexualidade. Retrata-se os conflitos religiosos com base judaica-cristã, os conflitos sócio-politicos e os conflitos institucionalizados. Esses conflitos atualmente tem sido os responsáveis pela formação da homofobia. Com base nessa problemática, a situação de luta pela sobrevivência de homossexuais e travestis tornou-se cada dia mais desumana, deixando-os distantes do acesso aos meios de escolarização, profissionalização e trabalho, saúde e segurança pública e todos os demais direitos garantidos aos cidadãos. Homossexuais e travestis ficaram assim, impossibilitados de competir em igualdade com aqueles que tiveram acesso. A falta de acesso dos homossexuais e travestis a estes meios sociais acontece somente em virtude da não aceitação as diversas formas de orientação sexual e de identidade de gênero constituída pela nossa sociedade.


O país é um dos campeões em assassinatos de homossexuais e travestis e não existem políticas públicas afirmativas na tentativa de minimizar essas desigualdades. Essas desigualdades foram os fatores determinantes para que homossexuais e travestis ficassem em situação vulnerável e construíssem para si um meio de comunicação baseado em uma linguagem secreta.
ABSURDO: No Brasil a homofobia mata mais do que nos países onde a homossexualidade ainda é considerado como crime.

A linguagem que para os homossexuais e travestis é denominada de bajubá tem bases configuradas em um conjunto lexical encontrado na linguagem utilizada nos cultos de religião africana no Brasil. São listadas 191 (cento e noventa e uma) palavras no grupo de vocabulário juntamente com as transcrições fonéticas de como essas palavras são pronunciadas. Para informar a origem africana que pertence essas palavras foi utilizado as referencias de Jean-Pierre Angenot, no Glossário de Bantuísmos Brasileiros – Cadernos de Ciência da Linguagem (Publicação on-line do Campus de Guajará-Mirim-RO) e Yêda Pessoa de Castro (2007). Há também as demais formas de contribuições lingüísticas, tanto de morfossintaxe como de natureza semântica e as influencias da gramática normativa na linguagem de homossexuais.



segunda-feira, 8 de agosto de 2011

PÃES E CIRCOS: OS RISCOS NA CONSTRUÇÃO OCIDENTAL DAS RELIGIÕES DE MATRIZES AFRICANAS

PÃES E CIRCOS: OS RISCOS NA CONSTRUÇÃO OCIDENTAL DAS RELIGIÕES DE MATRIZES AFRICANAS
Parte 01


PANEM ET CIRCENSES: Do Coliseu ao cenário brasileiro

As religiões de matrizes africanas sempre foram alvo de criticas infundáveis e desassociadas daquilo que elas realmente representam para a construção da formação cultural brasileira. Diferente das demais religiões, elas não possuem um caráter de arrebanhamento, nem tão pouco reproduz as propostas de busca de novos adeptos como as demais religiões que através apelos sensacionalistas, tanto nas emissoras de TV como em todos os outros meios de comunicação, realizam uma verdadeira demonstração de curas, milagres e operações de sinais, até mesmo adivinhações e magias.

Pães e circos pode ser uma expressão utilizada para apresentar uma bem feitoria em troca de algo superior ao que está se ofertando. Na antiga, a política de “panem et circenses” ofertava a população um porção de pão e trigo e em troca eles assistiam a lutas de gladiadores como no Coliseu. Esses eventos eram promovidos para dar certo divertimento à população de escravos e camponeses que perderam seus empregos e migraram para os centros urbanos causando uma série de problemas sociais como a miséria e a fome. O imperador, para essas pessoas não se rebelarem, oferecia festivais e eventos como um “cala boca” para os enganados.
Como na Roma antiga, atualmente a população se vê enganada por palcos mirabolantes e shows evangélicos e pentecostais com a promoção de “milagres, curas e sinais de maravilhas”. Como se já não bastasse à postura do governo de também implantar uma política de “pães e circos” com os famosos programas sociais que contribuem na reprodução da pobreza e na interdependência financeira desses programas. Enquanto o dinheiro público fica sendo utilizado em projetos mirabolantes e com super faturamento de contas públicas, a população é distraída no Coliseu das Misérias em seus programas sociais.
Já nos terreiros e casas de cultos africanos, há um perigo na reprodução dessas praticas a partir do acumulo de curiosos e pesquisadores. O maior risco é a promoção de festas e comemorações com o fim de envolvimento “politiqueiro”. Outros vêem as religiões africanas como um refúgio às religiões cristas e decorrentes do uso de vaidade ingressam sem compromisso algum com os Orixás do Candomblé e com os guias e entidades da Umbanda. Há adeptos do candomblé que simplesmente “fizeram o santo” por pura vaidade e por isso representar entre os religiosos certo status.

Como nas praticas que se assistem diariamente na televisão com os programas evangélicos, os terreiros e casas de cultos africanos podem se tornar palcos onde se promove apenas danças e festivais de bebidas. Curiosos podem freqüentar as casas para ver o brilho e o rodado dos vestidos das “Pombas-giras e ciganas”, contemplar-se das rezas e passes dos caboclos e guias, beber com os exus ou dançar ao toque dos atabaques. Isso tudo para superar um desejo próprio que ao invés de compromisso religioso passa a ser apenas luxo e vaidade.
A distribuição de “pães e circos” repete-se de modo muito claro desta vez na cultura ocidental. Tanto a fé nas entidades e guias dos cultos afroamazônicos como a ancestralidade e o culto aos orixás tem se tornado uma prática muito folclórica onde poucos adeptos tem de fato uma devoção verdadeira.
Tornou-se comum na nossa sociedade as pessoas se identificarem como evangélicos. Se analisarmos bem, existem igrejas evangélicas para todos os tipos de fieis. Até as igrejas mais fundamentalistas e tradicionais resolveram por optar a modelos mais modernos. Isso também se repetiu nas religiões de matrizes africanas. As universidades e grupos de pesquisas científicas invadem os terreiros. Na realidade o risco da construção ocidental começa a fazer parte do nosso dia a dia a partir dessa novidade.
Os fundamentos e segredos transmitidos através da oralidade de modo ancestral que chegou aos nossos dias mesmo sabendo de interferências interculturais e inter-éticos ao mesmo tempo em que não podem compor os livros das ciências, não pode também deixar de ser considerado como elementos contribuidores da construção da fé nacional. São esses agravos que nos dão medo e que ao mesmo tempo nos estimulam. Essas situações em muitas vezes nos fazem questionar: quem somos hoje? Quem são os povos de comunidade de terreiro do contemporâneo?
Essas interferências estão fazendo parte hoje da nova construção feita sobre as religiões de matrizes africanas no Brasil. São esses os novos adeptos e filhos de santo que freqüentam os nossos terreiros e casas de cultos. A construção ocidental a partir dessa interferências pode ter uma nova configuração que com certeza serão as novas referencias para a cultura africana no país.


Autor: Prof. Ms. Kary Falcão com Mãe Helena de Omolu
Ogãn do Ossosi Omó Oxun do Ilê Axé Odé Fumilayó
Porto Velho - Rondônia


De Oxossi a São Sebastião: Mais um crime do sincretismo religioso brasileiro

É realmente um crime desconsiderar toda contribuição e manifestação religiosa trazida pelas sacerdotizas do candomblé que vieram nos navios negreiros para essas terras.
O que chamamos de sincretismo religioso é mais criminoso ainda!!!
A cultura brasileira sempre deu maior importancia as contribuições europeias deixando em segundo plano as formas africanas e seus deuses...
Dessa forma, os Deuses do Candomblé foram embranquecidos!!!
Vejam só: São Sebastião foi um soldado romano que viveu aproximadamente em 283 d.C. Sua icnografia o simbolizou atraves das flechas que transpassaram seu corpo por ser considerado um traidor por incentivar cristãos nos seus momentos de tortura para não negarem a sua fé...
Na realidade ele não foi morto pelas flechas. Como foi dado  como morto pelas flechadas, atiraram seu corpo em um rio que mais tarde foi encontrado por Irene. Santa Irene cuidou de suas feridas e ele sobreviveu...
Mais tarde ele se apresenta ao Imperador Diocleciano e este o condena a morte. São Sebastião foi espancado até a morte.
Seu corpo foi jogado em um esgoto público em Roma...
São Sebastião - Líder Romano
Tá bom... E daí??  Porque relacionar um Deus Africano com um martir Romano?? E mais ainda com um soldado que lutou para o surgimento do Cristianismo???
É mais facil aceitar um Deus Branco do que aceitar um Deus Negro??

                                        


Oxossi, o caçador por excelencia, o homem da floresta  que mata com uma flecha só... É entre os afroreligiosos um Deus do Candomblé. No Ilê Axé Odé Fumilayó é o dono do Axé... O Homem da Pena Branca que nos encanta e contagia...
O Pai Oxossi... O Deus da fartura e da riqueza!!!
Òké Aro!!! Arolé!

Oxossi: O Caçador

Através da vinda dos escravos para o Brasil, muitos de seus filhos foram vendidos tambem para outra partes da América. Dessa forma o culto iorubano ao rei da cidade de Ketu foi muito difundido no Brasil não só contribuindo ao renascimento de Ketu como uma nação-estado  mais como uma nação de homens de fé ao Candomblé.
Oxossi é também conhecido como Alakétu, Rei, Senhor de Kêtu,  Oníìlé, Olúaiyé ou Oni Aráaiyé, o senhor da humanidade.
Oxossi foi considerado um guardião na África. Geralmente, cada tribo africana possui somente um caçador que provem a todos de alimento e sustento. Também Oxossi como guardião protegia seu povo do terrível pássaro das Iyá-Mi.
É importante ressaltar, mais uma vez, que o sincretismo religioso onde atribui o culto a Oxossi para o culto a São Sebastião é complatamente injusto. A cultura de se adorar deuses de escravos no Brasil não foi processada de maneira clara em nossa cultura.
É muito mais rico adorar um Deus de dominadores do que adorar um Deus de escravos no Brasil...
Até bastante contraditório para o próprio cristianismo em cultuar um Deus Romano...  Mais isso são outros quinhentos (como se diz em um país que chegou aos quinhentos anos como chegou...)

Portanto, meus irmãos e irmãs do Axé...
Cultuem Oxossi... O caçador por excelencia!!!
Òké Aro!!! Arolé!

Ogãn Kary Falcão da Osun





Orixás: Nossos Deuses!!!

A colonização européia resultou aos povos brasileiros uma dominação branca que não ficou limitado somente nos aspectos econômicos e sociais...
Essa dominação nos fez a muito tempo nos escondermos em guetos e espaços considerados de minoria...
Os terreiros e casas de culto de religião de matrizes africanas, que conhecemos como: terreiros, ilê, barracão e muitos e muitos nomes que se diferenciam de lugar para lugar, atualmente eu posso denominá-los como TERRITÓRIO DE IDENTIDADE.
São nesses espaços que a cultura africana é transmitida e ensinada aos filhos e filhas de santo!!!
A partir da construção de nossa identidade africana é que de fato estamos fazendo um culto a ancestralidade... e assim cultuando os nossos antepassados...
Nossos deuses e deusas... Nossas rainhas e reis... Nossos senhores e senhoras... os Orixás!!!

Como um bom e devoto filho da Oxum... Vamos conhecer um pouco do seu encanto e poderes!!

Ora Yeyê... Ora yeyê...
Salve minha Deusa!!!

domingo, 7 de agosto de 2011

Homens de Axé...


Homens de Axé...

Aqui teremos a oportunidade de conhecer, divulgar e trocar ideias que contribuam de modo significativo na construção da identidade dos terreiros e casas de cultos de religião de matrizes Africanas no Brasil e em especial na cidade de Porto Velho, capital do Estado de Rondonia.

Ora Yeyê... Que minha mãe abençoe a todos...



Ogãn Kary da Osun...